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Mostrando postagens de 2010

Só pra lembrar, playstation não educa filhos.

Tenho pressa de vivermos no “tal tempo da delicadeza”, que Chico Buarque tão poeticamente profetiza. Mas parece que estamos muito longe disto. Se formos pensar nos filhos que estão sendo deixados para esse planeta, tão logo estaremos no tempo da boçalidade. Atualmente vivemos alienadamente, no tempo da imbecilidade, quando ser fútil e superficial premia por meritocracia. Não sou mãe, não ainda, talvez por isso as pessoas fiquem irritadas quando critico alguns métodos de educação que tenho presenciado nas escolas por onde trabalho. “ É fácil dizer, você não é mãe”, “ É fácil por a culpa nos pais.” Escuto essas frases, sempre que chamo o pai ou mãe de um dos meus alunos à sua responsabilidade legal de zelar pela educação de seus filhos. Mas garanto que não precisa ser pai ou mãe para saber que alimentar hábitos de consumo exagerados, não cobrar responsabilidades, não impor limites, e não dar carinho, torna todo o resultado do processo de formação humana comprometido. Estamos formando jov

Mais um Natal

Manhã do dia 25 de dezembro de 2010, cheia de nuvens. Queria eu que ainda fossem de algodão. Há aproximadamente 2010 anos (não se sabe exatamente o ano nem o mês) nascia Jesus de Nazaré. Morreu para salvar e lavar os pecados de todos. Ficou marcada assim esta data comemorativa que chamamos de Natal. Fico impressionado com a mudança no comportamento de muitas pessoas. Nesta época em que surgem milhares de voluntários, pessoas fazendo seus donativos, pessoas se abraçando, trocando calor humano com seus entes queridos. Eu vejo muita gente se engrandecer diante desse espírito, mas eu somente tenho a perguntar: por quê? Por que essas coisas só ocorrem no mês de Dezembro? Será um mês sagrado? Será que é tão difícil sermos assim o ano inteiro? Todos os dias de nossas vidas, nós devemos amar uns aos outros, respeitar uns aos outros, sermos solidários. O mundo não funciona somente no Natal, as crianças não necessitam de carinho apenas no Natal, os necessitados não passam fome e nem sentem frio

Oração a mim mesmo ....

Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais. Falar menos. Chorar menos. Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que, prepotentemente, penso que têm. Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática, as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras. Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar. Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos. Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis; aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto, a cada nova flor, a cada novo calor, a cada nova geada, a cada novo dia. Que eu possa sonhar o ar, sonhar o mar, sonhar o amar, sonhar o amalgamar. Que eu me permita o silêncio das formas, dos movimentos, do impossível, da imensidão de toda profundeza. Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque, pelo sentir, pelo compreender, pelo segredo das coisas mais raras, pela oração mental (aquela que a alma

Qual escola desejamos ?

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. Rubem Alves

Bons ventos

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. Fernando Teixeira de Andrade

Sair para poder entrar...

A igualação, que nos uniformiza e apalerma, não pode ser medida. Não há computador capaz de registrar os crimes cotidianos que a indústria da cultura de massas comete contra o arco-íris humano e o humano direito à identidade. O tempo vai-se esvaziando de história e o espaço já não reconhece a assombrosa diversidade de suas partes. Através dos meios massivos de comunicação, os donos do mundo nos comunicam a obrigação que temos todos de nos contemplar num único espelho, que reflete os valores da cultura de consumo (..) A televisão ensina a confundir qualidade de vida com quantidade de coisas. Eduardo Galeano - 'De pernas para o ar' Arte: Mihai Criste Li no fronteiras da memória

Oração a Vida

E u suplico-vos fazei qualquer coisa aprendei um passo uma dança alguma coisa que vos justifique que vos dê o direito de vestir a vossa pele o vosso pêlo aprendei a andar e a rir porque será completamente estúpido no fim que tantos tenham sido mortos e que vós viveis sem nada fazer da vossa vida. Charlotte Delbo Foto: John Chervinsky

Nova campanha

Como fomos colonizados desde sempre pela Coca-Cola a marca ficou enraizada em nossa mente e virou sinônimo de refrigerante. Depois, o Guaraná Antártica até que conseguiu ganhar mercado com apelos bem humorados, criativos, e ufanistas. Com a globalização, Antártica, Brahma e Pepsi juntaram bandeiras facilitando a logística da distribuição que sempre foi dominada pela Coca-Cola. Hoje, se o chope é Brahma o refrigerante é Pepsi. A Coca, por sua vez, percebeu a onda natureba e comprou marcas famosas de sucos e mates para engrossar sua fileira de opções ao público. Mas perdeu espaço nos bares e restaurantes dominados pela concorrente. Tudo somado, a marca Coca ainda é a líder do segmento. E mesmo com todos os esforços da comunicação a Pepsi nunca conseguiu conquistar a simpatia dos brasileiros. O mote de sua nova campanha tem a ver com o condicionamento que somos expostos diariamente para pensar dentro da caixinha, nos trilhos, como obedientes carneirinhos domesticados. Não

Avante !

-“Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?” - “Depende bastante de para onde quer ir”, respondeu o Gato. - “Não me importa muito para onde”, disse Alice. - “Então não importa que caminho tome”, disse o Gato. - “Contanto que eu chegue a algum lugar“, Alice acrescentou à guisa de explicação. - “Oh, isso você certamente vai conseguir”, afirmou o Gato, “desde que ande o bastante”. Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

Escola é o lugar da escuta.

É preciso que se compreenda a diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é um fenômeno fisiológico. Escutar pressupõe tentar adivinhar o que está obscuro. Podemos estabelecer uma analogia com esse processo da escuta através dos conceitos da psicanálise: ego, o que eu conheço de mim; id, o que eu não conheço (vem pela arte); superego, o que gostaria de ser. O ego é o campo da dor, da alegria, da indiferença, dos medos. O eu é feito de pedaços do outro. Tudo é do outro. Escutar é permitir a presença do outro. O aluno que eu escuto vem morar em mim. A presença do outro me completa.

Entrevista Eric Mazur

Mazur estudou física e astronomia da Universidade de Leiden. Após dois anos de sua pós-graduação, foi oferecido a ele um cargo de professor assistente na Universidade de Harvard. Em 1987 ele foi promovido a professor adjunto e obteve a posse três anos depois, em 1990. Mazur atualmente ocupa uma cadeira como Balkanski professor de Física e Física Aplicada em conjunto na escola de Harvard da Engenharia e Ciências Aplicadas e do Departamento de Física. Em 1991, Mazur começou a desenhar uma estratégia instrucional no ensino da educação chamado de pares. Em 1997, ele publicou um livro chamado Peer Instruction: Um Manual do Usuário que fornece detalhes sobre essa estratégia. Disponibilizo em formato pdf entrevista cedida ao Gazeta de Física no ano de 2003. Resumo: "Podemos e devemos tratar a educação como uma ciência. Eu encaro os dados das minhas experiências laboratoriais da mesma maneira que trato os resultados das minhas aulas, que também são um laboratório", afirma Eric Mazur,

Pensar é transgredir ...

"(...) Viver, como talvez morrer, é recriar-se : a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada. Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha

Ser ou ter ?

Possua apenas o que você pode levar consigo. De valor ao que realmente importa na VIDA. Faça de sua memória sua mala.

Descanso

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta. Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. (...) Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou

O ímpeto criador do ser humano.

Alvo de discussão em minhas aulas de Psicologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais essa semana e semana passada: A ciência da Educação. Bom, deixo um texto de Paulo Freire como sendo minha conclusão sobre essas aulas. E m toda pessoa existe um ímpeto criador . O ímpeto de criar nasce da inconclusão do ser humano . A educação é mais autêntica quanto mais desenvolve este ímpeto ontológico de criar . A educação deve ser desinibidora e não restritiva . É necessário darmos oportunidade para que os educandos sejam eles mesmos . Caso contrário domesticamos, o que significa a negação da educação . Um educador que restringe os educandos a um plano pessoal impede-os de criar . Muitos acham que o aluno deve repetir o que o professor diz na classe . Isso significa tomar o sujeito como instrumento . O desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao ser humano transformar a realidade

Olhos de Saramago.

É necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saimos de nós. (...) Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. José Saramago

O amor é tanto, não quanto. Amar é enquanto, portanto.

O maior problema do viver-junto é saber regular a distância , para além a para aquém da qual se produz uma crise . O que é desejado é uma distância que não quebre o afeto . Alcançaríamos aquele valor que defino com o nome de " delicadeza " - distância e cuidado , ausência de peso na relação , e, entretanto , calor intenso dessa relação . Roland Barthes

Sobre meninos e lobos

U ma noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas. Ele disse: - Meu filho, a batalha é entre dois lobos dentro de todos nós. Um é mau: é a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso, a superioridade e o ego. O outro é bom: é a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé. O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu avô: - Qual o lobo que vence? O velho índio Cherokee simplesmente respondeu: - O que você alimenta.

Criatividade

Novas Idéias Mudam o Mundo ...

Pensando a respeito eu acho que ler devia ser proibido.

Nada contra quem lê, mas de certas coisas não se duvida e ler não é nada bom. A leitura nos torna incapazes de suportar a realidade. A leitura tira o homem de sua vida pacata e o transporta a lugares nada convencionais, pra uma criança o perigo é ainda maior porque ela pode crescer inconformada com os problemas do mundo e querer até mudá-lo. Dá pra imaginar? E tem outra coisa, ler pode estimular a criatividade e você não quer uma criancinha bancando geniozinho por aí, quer? Além disso, a leitura pode tornar o homem mais consciente, e ia ser uma confusão se todo mundo resolvesse exigir o que merece. Nada de vagar pelos caminhos da imaginação simplesmente porque leu um bom livro. Há quem diga que ler engrandece, mas eu não conheço um caso sequer. Quer um conselho? Silêncio. Ler só serve aos sonhadores e sua vida não é uma brincadeira. Cuidado, ler pode tornar as pessoas perigosamente mais humanas.

O texto é sobretudo um ato humano.

É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática. Paulo Freire